segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sinal verde

Corre se apressa
O sinal já abriu
Não deixe que eles te peguem
Olhe nos olhos deles
Estão atrasados, irritados, fechados no seu mundo motorizado
Se vacilar eles passam por cima
Cuidado ao correr
Não deixe cair pela faixa de pedestres suas angustias,
Suas dores, seus pesares e seus temores
Tente chegar ileso do outro lado da rua
Incrível como não é possível ter paz
Nem em um inofensivo semáforo.
(Ricardo)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Teus sinais

Viu a flor que desabrochou
Só pra poder te contemplar
De onde vem a força da flor
Que rompe a terra sem cessar
E aponta para o céu azul
Convida o vento a bailar
E o vento que se apaixonou
Quando viu você passar
Vem ver a poeira solta pelo ar
Te abraça sem você perceber
Te ganha sem você pensar
Será que o amor aportou no cais
Será que a onda não levou
Embora todos os teus sinais
Da candura que tanto te marcou
Do conceito de bom rapaz
Onde estará a fé em nós
Será que se perdeu no penar
Será que enfim vai perceber
E finalmente encontrar
Nas pequenas coisas da vida
(Ricardo)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mulher Natureza

A primavera chegou. Em São Paulo, o friozinho e a cor chata não condiziam com a proposta da nova estação. Do asfalto, cinza. Do céu, chuva. Sinceramente, tais coisas que acabei de escrever não faziam do meu sorriso o mais sincero tampouco meu humor legal. O temperamento estava volúvel, é verdade! São coisas de mulher. Coisas que só uma mulher poderia entender.
Em determinados períodos as mulheres são assim mesmo. Posso até compará-las com a própria natureza; impetuosas e cínicas, atacando a todos com palavras e atitudes grosseiras como a tempestade forte, o vento frio e os trovões barulhentos. Somos ingratas como a alteração do tempo, que mudam sem avisar e pegam desprevenidas as pessoas que estão ao redor.
“Poxa vida”, pensei! “Será que sou a única que me sinto assim? Angustiada, cobrada, derrotada?”...

Me “policiei” para não machucar ninguém inocente, afinal de contas, isso é muito perigoso. Fiquei no meu canto, observando as atitudes das minhas amigas, todas lindas, cada uma com sua particularidade, seu estilo, forma de falar, gesticular, se vestir. É linda a forma como as mulheres passam as mãos em seus cabelos, arrumam a blusa, enfim... Reparando em todos esses detalhes, até a mulher que foge do padrão de beleza atual se torna muito interessante.
Uma de minhas amigas está prestes a se casar. Ela entrou na sala onde eu estava, toda falante, contando as coisas que ainda faltavam para sua nova casa, das dificuldades em selecionar os convidados, da falta de dinheiro, dizendo-se ansiosa para o grande dia. Imaginei que ela pudesse estar cansada. Aliás, posso afirmar que ela realmente estava cansada, mas satisfeita. De certa forma, aquela conversa me fez sentir melhor. Como se por acaso as minhas pilhas tivessem sido recarregadas. Esse é o tipo de coisa que só uma mulher pode entender.


Lembrei de outra pessoa, que certa vez desabafou sobre as dificuldades que sentia ao chegar na menopausa. Os hormônios impetuosos que causam alteração de humor, de apetite sexual e falta de disposição estavam lhe castigando. A menstruação é uma companheira da mulher durante uma vida. Acredito que a ausência dela gera conflitos difíceis de assimilar assim, de pronto. Mas essa é apenas mais uma missão impossível para o sexo feminino. Mais uma vez, repito: coisas que só uma mulher poderia entender.


Mesmo fadigada com meus pensamentos e não demonstrando tanta satisfação, dediquei aquele dia de primavera a filosofar sobre o sexo feminino. A maternidade, o lar, o marido, o trabalho, o sexo... Tudo isso é que a faz de uma mulher, ser realmente uma mulher.
É besteira, mas naquele dia, antes de dormir pensei: “Será que alguém entenderia as coisas que estou entendendo?”. Naquele instante entra no meu quarto a Lurdinha, minha gatinha de estimação de 15 anos, com seus passos lentos, gorda que ela só. Miou pra mim como se pedisse licença pra pular na minha cama, encostou de focinho gelado em meu rosto e se aconchegou. “Eu sei, eu sei Lurdinha. Você me entende...”. Só uma mulher entende outra mulher, independente de sua natureza.

Ana Cláudia Faccin - em Meros Devaneios Tolos www.anafaccin.blogspot.com

domingo, 6 de setembro de 2009

Reinações na terra dos canários

Foi proclamado, instituído, reiterado
Agora pras bandas de cá a nova lei é: se enquadra no nosso esquema, ou será punido, caçado e eliminado
Essa é a política dos despolitizados
O rei mandou tá falado
Tapam a boca dos coitados com pão, água e uns trocados
Sufocam a única arma dos pobres plebeus que é o conhecimento livre desinteressado
Desarticulam a pilastra central de uma nação que é a igualdade, liberdade e fraternidade
Nem só de pão, água e circo vive o proletariado
O alimento para a alma deveria ser obrigatoriamente promulgado
Não tratem o povo como meros coadjuvantes em um palco repleto de cobras e lagartos
Lembrem-se que as reinações opressoras um dia farão parte do passado
E os dias de hoje serão lembrados com gosto de puro fel mais do que amargo.
Viva o Brasil!!!!!!!!
(Ricardo)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Guerra de Palavras

Discurso falido
São os mesmos que estão no poder
Propina, conchavo corrupção
Eles criam suas próprias leis
A gangue dos engravatados se une
E a festa é geral
Não sabem que um dia padecerão
Do seu próprio mal
Senta que o show vai começar
Esta na sua cara
E você é convidado especial
A cena do crime esta armada e a guerra é geral
Esta escancarada no jornal
O esquema é perfeito
E o dinheiro que ninguém nunca viu
É a mesma cena que se repete
Ninguém sabe ninguém viu nem ouviu
É preciso começar de novo
Retornar do ponto que partiu
Senta que o show vai começar
Esta na sua cara
E você é o convidado especial
A cena do crime esta armada
E a guerra é geral
Esta escancarada no jornal.
(Ricardo)

sábado, 22 de agosto de 2009

Eu, Centopéia

Era uma manhã de agosto. Ensolarada, mas fria. Eu, minha mãe e meu pai saimos pra dar uma volta pela beira da praia, aproveitar o vento fresco, o ar mais puro do que de costume, sentir o carinho do sol em nossos rostos (que coisa mais româtica, não é?). Enquanto caminhávamos, nós falávamos sobre coisas da gente: família, trabalho, atualidades, enfim, conversas jogadas literalmente "ao vento".
Durante a caminhada, eu olhava fixamente para o chão, observando o caminho que aqueles bichinhos de praia, os corruptos, deixavam como rastro. É engraçado imaginar que existe vida em todos os lugares, inclusive embaixo da areia. É bom pensar, ou fantasiar talvez, que exista um mundo só desses bichinhos, onde também há dificuldades, desafios e barreiras a vencer. Ao modo deles, claro.
Então, conforme direcionava meu olhar atentamente para o chão, percebi um rastro um tanto quanto engraçado. Era um rastro fininho que dava várias voltas ao redor dele mesmo, da direita, pra esquerda, voltava para o mesmo lugar de onde havia começado, ia pra frente, voltava, depois recomeçava e ia um pouco mais em direção ao mar. Aquilo chamou minha atenção ao ponto de parar para seguir aquele caminho. Chegando ao final dele estava uma centopéia de praia, com suas centenas de pares de pézinhos, andando depressa, sem parecer saber exatamente pra onde estava indo. Dei risada ao vê-la andando tanto. De certa forma ela estava indo pra frente, mas o caminho a percorrer ainda parecia longo, dependendo do seu destino. Eu, toda curiosa, perguntei pra minha mãe: " - Para onde será que ela quer ir, hein mãe? Senão eu poderia levá-la até lá". E minha mãe me disse: "- Não vai levar ela pra lugar nenhum. Vai atrapalhar ao invés de ajudar".
Meu pai e minha mãe continuaram caminhando, mas eu ainda fiquei um tempo observando o "andar" daquela centopéia. Comecei a imaginar que cada metro quadrado de praia para ela era um novo mundo a ser explorado. Aquela extensão inteira de praia então, era um universo impossível de ser conquistado. Quem seríamos nós, seres humanos, na visão daquela centopéia. Ah, se ela pudesse enxergar além dos seus limites e pudesse ver as coisas com tanta clareza como eu estava vendo, com certeza ela não daria tantas voltas pra não ir para lugar algum. Certamente, sua dificuldade em encontrar um foco em seu caminho seria tão insignificante. Se ela pudesse me entender, eu diria a ela que continuasse sempre reto, se o destino dela fosse o mar. Naquele momento pensei em Deus, no Planeta Terra, olhei pro mar, mentalizei o Universo e me coloquei na situação daquela centopéia diante de tudo isso. Ah, se eu pudesse entender um pouco que fosse sobre toda essa imensidão, impossível de ser explorada por mim. Ah, se eu pudesse entender os sinais que Deus me dá todos os dias pra saber que meus obstáculos são tão pequenos em relação ao infinito, considerado um mistério diante da minha inteligência. Ah, sou tão pequena quanto minha amiga centopéia.
Naquela manhã fria e ensolarada, foi bom encontrar aquela centopéia. Ela, na sua pequenez, ainda assim me ensinou algo bonito. Mas eu, na minha ignorância, não pude ensinar nada a ela.

Por Ana Cláudia Faccin

sábado, 20 de junho de 2009

Coração Partido

Calma é mais um caso de coração partido
Eu sei a todo instante estamos correndo perigo
E quem disse que seria fácil
Que minha loucura seria perdoada
E que viveríamos felizes para sempre
Como um conto de fadas
Entra na dança se finge de criança
E diz que esta tudo bem
Muito bem meu bem
Hoje acordei tão cedo que até parece que não acordei
Como um cão sem dono me perdi no contorno
Onde foi parar minha lucidez
Sempre a perco por ai
Vou colocar na coleira pra ver se um dia respondo por mim
É assim mesmo intenso
Pretendo um dia arrumar um amor particular só para mim
Mas não pode olhar pro lado
Tem que ter muito cuidado sou sensível sim e daí
De agora em diante prometo que serei um belo galante
A sussurrar doces palavras cantantes
Só pra ter um romance inteiro pra mim.
(Ricardo)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Humanação

Canto que acalanta o pranto
Um canto pra fazer sorrir
Um céu cinza em desencanto
Assopra as nuvens e veja o novo porvir
Uma nação se agita e levanta a bandeira da paz e da justiça bendita
Salve, salve sobreviventes do caos
Em frangalhos, do pó da vida saístes, ao pó da vida retornastes
Farol solitário ilumina esse educandário, alça o vôo livre rumo ao coletivo imaginário
Bendito sois vós humilhados pela massa de adormecidos desavisados
Algozes ferozes com os instintos desequilibrados
Sigam em frente desbravadores signatários
Inscrevam a marca do amor nos corações petrificados
Nesta nação que já nasceu com um legado
Avante gigantes acendam as lâmpadas deste palco e o deixem todo iluminado.
(Ricardo)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A arvore do bem e do mal

Centelhas de luz se desprendem do todo
Várias vozes nadando contra a corrente, tentando se libertar de si mesmos em um mar de lodo
Mascaras de ilusão deturpam e ofuscam a visão
Olhando para o espelho não consigo enxergar os meus olhos
As janelas da alma estão fechadas com tabuas fixadas a marteladas
Esqueço de mim mesmo, me abandono em um mundo que não conheço
Tentam a todo custo me resgatar, mas a disposição interior é frágil e sempre me perco
A minha frente encontro a arvore do bem e do “mal”
Qual fruto me pertence?
Talvez todos
A dor me ensina o valor de cada lágrima
E como uma pedra bruta, brilha após ser lapidada
Sou o meu próprio carcereiro e contemplo as mazelas da humanidade
As duras penas me reconheço, me encontro no outro e abro as portas para uma nova morada
Deixo para trás a arvore e as frutas, pego as minhas malas e finalmente volto pra casa.
(Ricardo)

domingo, 17 de maio de 2009

Herdeiros de aquário

Lona nossa de cada dia
Sob essa luz serena que nos alumia
Ora luzes saltitantes
No ritmo frenético de buzinas falantes
Do peito salta um coração em pranto
Mais não um pranto sofrido
E sim o reflexo de um dia mágico, puro surrealismo
Irmanados por um ideal, herdeiros de aquário
Do seu santuário emana o seu ideal
Partículas de alegria em doses cavalares de amor celestial
Traduzem a perfeita sinfonia
De várias vozes de outras culturas, preferências e etnias
A poesia deve ser declamada
Atinge o peito em chamas e apaga o fogo com lagrimas desvairadas
Que rolam dos olhos e se acomodam na face
E que a arte nos indique um novo rumo uma nova “sorte”
Estremecendo as muralhas deste forte
Mudam os paradigmas, carregam o código da vida
Viva essa realidade a cada dia
Que o caminho que nos leva para o alto, seja digno
De ser contado, lido e seguido
O grande mestre chegou à frente e disse:
Amem a todos sem distinção, inclusive os seus próprios inimigos.
(Ricardo)
Obrigado Festa da Alegria

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Horas são

Horas vem, horas vão, oração
Noite fria, lua vazia, vento são
Sinto a brisa, uma velha amiga, afaga com a mão
Aquebranta o meu pranto, me veste com o seu manto da anunciação
Quem eu sou?
Para onde vou?
A fé sustenta a minha aflição
Me perco nos meus desatinos
Me reencontro nos cantos escondidos
Da minha essência em ascensão
A madrugada é o leito dos sonhos perdidos
Recônditos benditos
Levanto a poeira e me encontro na multidão
Horas vem, horas vão, horas são
Passarada anuncia uma nova estrada, uma nova direção
Noite vai e as estrelas caem, como folhas ao chão
Faça como o Sol, que ao vencer a noite, afasta a escuridão.
(Ricardo)


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Flores do Futuro

Segue o rastro que vai ao longe
Donzelas vestidas de pétalas
Destilam o seu perfume
Bailam ao sabor do vento
Como pássaros que não sabem voar
Aromatizam, lançam seu perfume
Meninas rainhas pairando no ar
Revestem o cimento
Retomando o seu lugar
O cinza sai de cena
E a semente germina e faz brotar
Resistem ao concreto
Lideram o último grito, do amor no incerto
O improvável se faz forte, e a vida prevalece
E de gota em gota, uma poça vira mar
Revestem o manto sem vida
Fruto do “improgresso”
Guerreiras benditas lutando por um lar.
(Ricardo)

banheiro

Naquele dia ela saiu correndo. Contra o vento, as lágrimas ficavam pra trás. Contra todos sentia-se mais forte, mas não conseguia deixar pra trás as coisas que sentia. A única coisa que queria era se trancar em algum lugar onde poderia ficar sozinha, onde ninguém a incomodasse, perguntasse, indagasse...O banheiro – pensou ela. Um banheiro, quero um banheiro – E lá se trancou e ficou por três dezenas de minutos. Se tudo aquilo que esmagava seu coração pudesse criar vida, ela acabaria com todos num só soco, em uma só porrada. Ou seus sentimentos a devorariam de uma forma voraz, assim como um leão devora a sua presa. Olhou ao redor pra ver se encontrava alguma coisa, qualquer coisa que pudesse levar embora as coisas que sentia. A descarga! – lembrou ela. A descarga vai levar tudo embora,,, Olhou bem para aquela sua aliada, concentrou seus sonhos de menina, a idiotice de alguns deles, os doces desabafos tão ingênuos quanto sua atitude naquele dia. Com a descarga seus sentimentos foram embora. Livre de todo o peso que estavam sobre suas miúdas costas, a menina chorou aliviada. Agora posso ir embora. Antes de chegar a porta, olhou pro seu lado direito e se viu no espelho. Pra ele restou indiferença. Olhar pro espelho nem sempre é agradável porque você não enxerga quem você vê. Se olhar no espelho é encarar a si mesmo, é a única possibilidade de olhar no fundo dos seus olhos e ser sincero contigo. Portanto ela não podia mentir, nem fingir, tampouco interpretar. E aquele soco sem igual que tinha vontade de acabar com as criaturas deu-se no espelho esmiuçando sua curta história, seus grandes conflitos. (Ana Cláudia Faccin)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sonhos de uma noite de outono

A noite a lua veio alumiar
O que restou dos dois
Suas dores, seus pesares seus amores
A casa antes tão pequena
Agora estava vazia
E tão grande ficou, que um palacete parecia
As paredes não refletiam mais as sombras na penumbra
Elas não eram mais testemunhas de todo aquele encanto
O silêncio era ensurdecedor e exalava por todo canto
Lamentando a ausência daquilo que não foi
A madrugada abrigava os sonhos perdidos
Sonhos tão intensos que eram possíveis até serem ouvidos
Rasgando a noite a procura de pequenas ilusões
Pobres corações que o descaso aplacou
Agora sofrem calados cada qual com o seu sofrer
Aos prantos em prece, órfãos do amor
Agarram-se a fé única e exclusiva companheira que lhes restou.
(Ricardo)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O vôo mais alto

O vôo que liberta é tão fascinante
Veja você uma multidão de “gênios” falantes
Ditando regras, traçando rotas, limitando
Com os seus “achismos” revestidos de verdades absolutas
Roubam à essência danificam a pedra bruta
Tiram de cena a espontaneidade do velho ao personagem de pouca idade
Pseudo-sábios assassinos roubam à liberdade
Escravos do sistema rastejam no mar de lama da anti-originalidade
Colocam-te a beira do abismo
Cheios de sofismas e cinismos
A hipocrisia é o seu expediente
O seu lema a contravenção
Nade você pela contramão
Permita-se, ouse, crie além da imaginação
Liberte-se das amarras que lhe puxam para o chão
Voe o vôo mais alto
Mostrando a sua cara
Saia dessa onda de padronização
Sem que lhe digam o que fazer de antemão
Percorra por caminhos nunca antes percorridos
Mostre ao mundo que tudo é possível
Quando a bússola que norteia é o coração.
(Ricardo)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O senhor do tempo

Incansável em suas investidas
Não se preocupa com chegadas e despedidas
Inexpressível não demonstra o que sente
Acelera a vida de tanta gente
Rege a vida das pessoas através de um ponteiro
Faz o dia virar noite em um estalar de dedos
Muitos até dizem “tempo é dinheiro”
A moça que se olhava no espelho bela e reluzente
Em um piscar de olhos se transforma em uma senhora com olheiras e sem dentes
Porém para tantos é um balsamo a curar suas dores
Nem santos nem andores
Apenas o tempo como um santo derradeiro
Que ser é esse?
Que aterroriza muitos
E para outros é um fiel companheiro
Seria fruto da esquizofrenia coletiva de seres temporais
Ou a necessidade de catalogar e amontoar fatos pessoais
O que seria uma vida inteira diante da eternidade?
Talvez uma gota no oceano em tenra idade
O tempo é a forma de limitar o ilimitável
De contar o incontável
A propósito que horas são?
(Ricardo)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

No tumulo de Deus

Olha lá vem ver
È difícil crer
A humanidade toda chora
Vendo pela TV
Dia sim, dia também
O impossível acontecer
As mazelas expostas para todo mundo ver
A ferida esta aberta sem um curativo pra lhe conter
Nas esquinas sorrisos de puro deleite
Nas ruas de trás soluçar e ranger de dentes
Uns pão e café com leite
Outros um pouco de nada com um recheio indiferente
Quem te quer assim?
Quem te faz assim?
Quem ganha pra ser assim?
De cima da ponte dá para ver
A maioria que se faz pequena
Uma multidão acuada
Que há tempos desligaram da antena
Dizem que o patrono morreu
Que sua alma nunca existiu ou desfaleceu
Porém olhe bem
Olha o que ninguém viu
Usando uma lente azul anil
Olhe no interior dessa gente
Moribundos na casca
Escondem uma lanterna resplandecente
Ele vive também nas misérias humanas
Pois é o futuro o passado e o presente.
(Ricardo)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ser insubstituível.

Falávamos certa vez sobre ser insubstituível para alguém. É muito comum ouvir a frase dizer que “ninguém é insubstituível”. Dá medo no coração, insegurança imaginar que de repente, qualquer pessoa poderá substituir alguém, assim, de um jeito fácil, rápido, simples... Ou substituir você na vida, na rotina de outra pessoa. É mentira! Não acredite! É mentira. A mais pura mentira! Gestos, jeitos, trejeitos, sorrisos, olhares e momentos. Momentos. Eles são únicos e tudo que é único é insubstituível.
Quem é que pode substituir a sua mãe? Ninguém! E o seu pai? Ninguém! Quem pode substituir o carinho que você recebeu, o acalanto em dias de aflições, os dias de paciência em que ensinaram você a amarrar seu cadarço e andar de bicicleta? Quem pode substituir a melhor amiga ou o melhor amigo que te acompanhou na infância, que brincou de carrinho, de boneca, de pega-pega, emprestou a lição de casa, contou sobre a primeira paixão e te escutou quando você também se apaixonou? Quem pode substituir?
E na profissão? Teu estilo, teu dinamismo, a forma como recebe seus amigos de trabalho, que trata seus clientes, pacientes, documentos? Podem substituir seu trabalho, mas jamais o seu brilho, seu amor, sua graça.
Se amou um dia alguém e essa pessoa se afastou de alguma forma, sim! Essa pessoa também é insubstituível porque ela foi única. E mesmo que não esteja por perto, basta acionar seus pensamentos e traze-la para perto! É fato! É certo! Você vai conhecer pessoas lindas, corretas, que você vai querer sempre por perto! É tão bom ter pessoas insubstituíveis em nossa vida! A cada dia, mês, ano, podemos colecionar pessoas insubstituíveis... Não precisamos colocar uma no lugar de outra. Vamos somar! Os números são infinitos. Vamos fazer uma coleção de pessoas insubstituíveis em nossa vida. Vamos?
(Ana)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Minha senhora

Senhoras e senhores, apresento-lhes a minha senhora
Hoje 0lhei para a sua face
E vi sua boca de mel e os olhos de puro fel
Ela lhe convida a rir ou a chorar
Essa é a tragédia da vida
Ninguém sabe ao certo o que é amar
Em uma mão trago-lhe rosas
Na outra mão os estilhaços de pólvora
Essa é a tragédia da vida
Vejo rostos em pranto tanto canto que acalanto
E o que faço eu com o meu pranto?
Desfaço-me no meu canto
Esperando o tempo passar
Sinta o cheiro da boa nova no ar
Ela está de cara limpa
E agora lhe convida somente a amar
Mágicos do porvir e poetas do novo amanha
Do lamaçal e do lodo renasçam do novo
Façam dessa minha gente um novo povo
Da guerra a paz um novo despertar
Voa mas voa o seu vôo mais bonito
Que este vôo silencie o meu grito
E me faça serenar
As nuances da vida
O limiar entre o bem e o mal
Vezes por vezes o bem utiliza o mal
Aparando arestas que te impedem de voar
Essa é a tragédia da vida
As vezes lhe convida a rir ou a chorar
E ninguém sabe ao certo
O que é mesmo esse negocio de amar?!!
(Ricardo)

terça-feira, 14 de abril de 2009

O mundo é o meu umbigo

Cego segue em frente
Sem poesia sem repente
Atropela a vida
De repente esbarra com ela pela esquina
Convicto irredutível
Prisioneiro de uma realidade ilusória
Sem idas nem vindas
Apenas empurrando com a barriga
Implorando pelo pão da vida
Não vê flores pelo caminho
Apenas estrada de espinhos
Vidas secas sem matizes sem brilho
Sedento por cores, vida
Exércitos de mortos vivos
Em declínio astral fugindo de si mesmos
Para longe do seu quintal
O mundo é o seu umbigo
Não enxerga um palmo a frente do caminho
Se vende por uns trocados
O essencial é o que pode ser tocado
Nutrindo a escória social
O que importa é o fugaz
Na capa de um dia no jornal
È o ter sobre o ser
A vida se esvai em vida
Morrendo um pouco a cada dia
Troca o moinho pelo umbigo
Perdendo o ultimo fôlego o ultimo suspiro.
(Ricardo)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O quê dirá quem dirá...

Era dia de estágio numa escola do Estado. Estava adiando, adiando, mas não tinha jeito. Eu precisava de toda forma comparecer pra assistir algumas aulas de português.
Depois de tanto tempo sem vivenciar uma rotina de escola, experimentei a verdadeira força da expressão de ser um “peixe fora d´água”, pois era desta forma que me sentia.
A primeira sala que fiquei foi uma do 2º ano do Ensino Médio. Aquilo parecia uma festinha, tipo uma reunião de jovens ( ou qualquer coisa semelhante ), menos uma sala de aula. Os adolescentes sentados em rodinhas, conversavam com muita alegria, riam, se divertiam à beça. Alguns namoravam também e outros se divertiam com seus celulares cheios de som, fotos e tudo mais que você possa imaginar.
A professora tentou incessantemente explicar a matéria que abordava o tema “adjetivos” e falava alto pra caramba, com uma voz absurdamente aguda, mas o barulho que os alunos faziam era tanto que quase nada se podia ouvir. Enquanto os adjetivos rolavam na lousa, outros tantos rolavam no ar: palavrões, xingamentos e tudo mais que o valha...
Eu, lá no me cantinho, fiquei observando a sala de aula. Naquele momento nenhum aluno olhava pra professora, que por sua vez, dirigiu-se a mim pra dar sua aula. Eu, toda sem-graça, fiquei prestando atenção.
Diante daquela situação, fiquei triste. Os alunos riam tanto, mas eu fiquei triste. Trata-se de alunos semianalfabetos que não sabem escrever direito sequer seus nomes, alunos “copistas” que sabem apenas copiar palavras que estão na lousa.. Não sabem sequer o prazer de ler um livro, pesquisar um tema, o quê dirá interpretar um texto, metáforas, poesias...o quê dirá interpretar as linhas que a vida tece: as linhas do nosso destino!

(Ana Cláudia Faccin.)

terça-feira, 7 de abril de 2009

O teto do mundo
Chega assim de leve
Apossa-se do que é seu
Desvenda os mistérios do breu
Ilumina o teto do mundo
Do que é feito o azul do céu?
Senão de mim de você imersos no azul profundo
Da dor que tenho faço o meu altar
O amor o meu lema minha oração
Deito no colo da inquietação
Que me joga pro alto
No olho do furacão
Sinta também esta revolução
De cegos da carne
Que enxergam com outra visão
É só pra quem sabe amar
Que o medo que tenho
Não obscureça as retinas
Que me impeçam de enxergar
O que se avizinha
Amanheci em mim mesmo
Acordei de um sono profundo
Que as palavras proferidas ao vento
Nos façam enxergar além do mundo.
(Ricardo)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O Setimo Céu
Sei que foi por inspiração
Uma palavra ou uma oração
Em um instante tudo estava no lugar
Mais do que uma expressão
O verbo se fez na mais bela canção
Que todo dia a gente escuta e aprende a decifrar
Mais nada é igual
Onde o ontem é hoje
Que acrescentado a algo
Dará origem ou que vem adiante
Sob um céu de estrelas
Pra começar a colorir o meu quintal
Eu viajei milhas e milhas até chegar
Eu descobri a chave que abre a porta do céu
E foi com os olhos de uma criança
Que eu pude encontrar
Hoje o sol nasceu mais forte
Depois de plena escuridão
Vamos juntar a nossa verdade
Pra equalizarmos a nossa intenção
Chuva cai , cai a chuva
Lava a alma irriga a plantação
Mais pra que tentar
Conquistar esse mundo
Quando é possivel conquistar um coração
Sobre um grão de areia.
(Ricardo)

Sentinelas da publicidade

De todas as histórias a gente pouco sabe. Mas a gente sabe bastante sobre a vida do povo, da vida do brasileiro que trabalha e quase nunca vive; apenas labuta e sobrevive.
Qualquer tipo de trabalho é digno, desde lavar um chão, varrer uma rua, ou mexer o caldeirão... Mas, rimando ou não, ninguém está imune da rotina do trabalho.
O trabalho deveria ser algo assim, onde o cidadão faz o que de melhor sabe, o que põe mais amor, e receber por isso. Um bom exemplo é um médico, que pôde escolher sua profissão, estudar pra poder exercê-la e com isso trabalha por amor pela humanidade (assim deveria ser). Outro exemplo é o professor que também está lá por opção, também estudou pra exercer sua profissão (ou ao menos deveria), e lá está ele, ensinando outros seres a tornarem-se ao menos dignos de saber ler e escrever ( e assim deveria ser )...
E por aí vai, dentre tantas profissões que existem mundo afora: publicitários, administradores de empresas, analistas de sistemas, artesãos, músicos, compositores, psicólogos, etc e tal

De alguns anos pra cá, um novo tipo de trabalho vem me chamando a atenção. São as seguradoras de placas, ou sei lá que nome que poderíamos dar para este tipo de trabalho. Bom, deixando a nomenclatura de lado, vamos pensar neste grande e vasto mercado de trabalho. Em cada esquina, existe um novo empreendimento. São prédios, condomínios de casas e outras cositas... A cada novo empreendimento, em média umas 50 pessoas são contratadas para segurar uma placa indicando o local correto. O resultado está estampado em cada esquina, em cada farol, em cada canto da cidade. A média que ganham por dia é de R$ 10,00. Algumas empresas pagam R$ 15,00, outras dão lanche, condução, enfim.... Imagine-se seis ou sete horas de pé, debaixo de um sol de rachar coco, ou de um frio de congelar nariz, parado, apoiando-se apenas em uma placa.

Como já citei, acredito que qualquer tipo de trabalho é digno, mas este, sinto muito, eu não acho. É minha opinião. Admiro muito as pessoas que estão aí pro que der e vier, pra ganhar uma grana extra, sendo assim, acho digna a atitude de segurar placa para se virar na semana. Isso, sim! Mas acho ridículo e desumano oferecer um trabalho de “segurar placa”. Entendo que hoje em dia é proibido colar cartazes, entendo que contratar as “seguradoras de placas” deve dar um excelente resultado, mas imagino que a imagem da empresa cai ao se submeter a este tipo de propaganda. Que meus amigos me chamem de fajuta e até de falida por não saber explorar comercialmente as pessoas, e eu os chamarei de bregas, de sem criatividade e sem o sentimento humano no coração. Ninguém tem o sonho ou realmente nasceu para ser sentinela da publicidade.

(Ana.)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A inconstância do ser

Ter, ser ou estar.
A implacável inconstância do ser
Debato-me em mim mesmo
Mergulho em um mar desconhecido
Aprecio os incontáveis personagens que crio
O ser multifacetado.
Sentado na primeira fila
Posso observar o espetáculo da vida
A escolha dos melhores personagens
Quem entra em cena primeiro?
O lobo e sua ferocidade corriqueira?
Ou o príncipe e sua inolvidável conduta exemplar?
Ou ainda a ingenuidade e pureza desconcertante de uma criança?
Tento ao menos sobreviver,
Conviver de forma pacifica
Onde todos possam sair ilesos ou não
Seria talvez o suicídio diário?
Despedaço-me
Reorganizo-me
Olha! Ouviu isso??!
O espetáculo vai recomeçar
Abrem-se as cortinas
O show tem que continuar
Que assim seja.
(Ricardo - Invadindo território)


Dos sonhos, do amor e da vida.

Era ele, era ela. Era.
Dividiam sonhos, dúvidas, dívidas, teto, cama, escova de dente e o mesmo ar!
Dividiam eira, beira, risadas, tristezas, angústias e o mesmo chão!
Não esperavam o inesperado. Ao invés de entrega: intriga, briga.
Sorrisos íntimos: olhares cínicos. Amor: desamor.
Chupados pela rotina. Chutados pelo descaso.
Era ele. Era ela. Dividindo a divisão, dividindo o coração.

(Ana.)

terça-feira, 31 de março de 2009

O Sopro de Deus
A brisa leve me convidou pra dançar
O sopro gélido a tocar minha face
Me fez sentir como um par
Seria o sopro de Deus?
Seria talvez aquela paz?
Que eu senti um dia
No ato da concepção
Onde o uno se fez verso
Onde o verso se fez prosa
Onde éramos um
Dançando em uma grande roda
Sina nossa de cada dia
Refaço-me
Reciclo-me
Reinvento o invento
É o nascer de todo dia
Tanto tento que me convenço
Vivemos uma grande obra
Imersos no véu imaginário do tempo
(Ricardo)