quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sonhos de uma noite de outono

A noite a lua veio alumiar
O que restou dos dois
Suas dores, seus pesares seus amores
A casa antes tão pequena
Agora estava vazia
E tão grande ficou, que um palacete parecia
As paredes não refletiam mais as sombras na penumbra
Elas não eram mais testemunhas de todo aquele encanto
O silêncio era ensurdecedor e exalava por todo canto
Lamentando a ausência daquilo que não foi
A madrugada abrigava os sonhos perdidos
Sonhos tão intensos que eram possíveis até serem ouvidos
Rasgando a noite a procura de pequenas ilusões
Pobres corações que o descaso aplacou
Agora sofrem calados cada qual com o seu sofrer
Aos prantos em prece, órfãos do amor
Agarram-se a fé única e exclusiva companheira que lhes restou.
(Ricardo)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O vôo mais alto

O vôo que liberta é tão fascinante
Veja você uma multidão de “gênios” falantes
Ditando regras, traçando rotas, limitando
Com os seus “achismos” revestidos de verdades absolutas
Roubam à essência danificam a pedra bruta
Tiram de cena a espontaneidade do velho ao personagem de pouca idade
Pseudo-sábios assassinos roubam à liberdade
Escravos do sistema rastejam no mar de lama da anti-originalidade
Colocam-te a beira do abismo
Cheios de sofismas e cinismos
A hipocrisia é o seu expediente
O seu lema a contravenção
Nade você pela contramão
Permita-se, ouse, crie além da imaginação
Liberte-se das amarras que lhe puxam para o chão
Voe o vôo mais alto
Mostrando a sua cara
Saia dessa onda de padronização
Sem que lhe digam o que fazer de antemão
Percorra por caminhos nunca antes percorridos
Mostre ao mundo que tudo é possível
Quando a bússola que norteia é o coração.
(Ricardo)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O senhor do tempo

Incansável em suas investidas
Não se preocupa com chegadas e despedidas
Inexpressível não demonstra o que sente
Acelera a vida de tanta gente
Rege a vida das pessoas através de um ponteiro
Faz o dia virar noite em um estalar de dedos
Muitos até dizem “tempo é dinheiro”
A moça que se olhava no espelho bela e reluzente
Em um piscar de olhos se transforma em uma senhora com olheiras e sem dentes
Porém para tantos é um balsamo a curar suas dores
Nem santos nem andores
Apenas o tempo como um santo derradeiro
Que ser é esse?
Que aterroriza muitos
E para outros é um fiel companheiro
Seria fruto da esquizofrenia coletiva de seres temporais
Ou a necessidade de catalogar e amontoar fatos pessoais
O que seria uma vida inteira diante da eternidade?
Talvez uma gota no oceano em tenra idade
O tempo é a forma de limitar o ilimitável
De contar o incontável
A propósito que horas são?
(Ricardo)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

No tumulo de Deus

Olha lá vem ver
È difícil crer
A humanidade toda chora
Vendo pela TV
Dia sim, dia também
O impossível acontecer
As mazelas expostas para todo mundo ver
A ferida esta aberta sem um curativo pra lhe conter
Nas esquinas sorrisos de puro deleite
Nas ruas de trás soluçar e ranger de dentes
Uns pão e café com leite
Outros um pouco de nada com um recheio indiferente
Quem te quer assim?
Quem te faz assim?
Quem ganha pra ser assim?
De cima da ponte dá para ver
A maioria que se faz pequena
Uma multidão acuada
Que há tempos desligaram da antena
Dizem que o patrono morreu
Que sua alma nunca existiu ou desfaleceu
Porém olhe bem
Olha o que ninguém viu
Usando uma lente azul anil
Olhe no interior dessa gente
Moribundos na casca
Escondem uma lanterna resplandecente
Ele vive também nas misérias humanas
Pois é o futuro o passado e o presente.
(Ricardo)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ser insubstituível.

Falávamos certa vez sobre ser insubstituível para alguém. É muito comum ouvir a frase dizer que “ninguém é insubstituível”. Dá medo no coração, insegurança imaginar que de repente, qualquer pessoa poderá substituir alguém, assim, de um jeito fácil, rápido, simples... Ou substituir você na vida, na rotina de outra pessoa. É mentira! Não acredite! É mentira. A mais pura mentira! Gestos, jeitos, trejeitos, sorrisos, olhares e momentos. Momentos. Eles são únicos e tudo que é único é insubstituível.
Quem é que pode substituir a sua mãe? Ninguém! E o seu pai? Ninguém! Quem pode substituir o carinho que você recebeu, o acalanto em dias de aflições, os dias de paciência em que ensinaram você a amarrar seu cadarço e andar de bicicleta? Quem pode substituir a melhor amiga ou o melhor amigo que te acompanhou na infância, que brincou de carrinho, de boneca, de pega-pega, emprestou a lição de casa, contou sobre a primeira paixão e te escutou quando você também se apaixonou? Quem pode substituir?
E na profissão? Teu estilo, teu dinamismo, a forma como recebe seus amigos de trabalho, que trata seus clientes, pacientes, documentos? Podem substituir seu trabalho, mas jamais o seu brilho, seu amor, sua graça.
Se amou um dia alguém e essa pessoa se afastou de alguma forma, sim! Essa pessoa também é insubstituível porque ela foi única. E mesmo que não esteja por perto, basta acionar seus pensamentos e traze-la para perto! É fato! É certo! Você vai conhecer pessoas lindas, corretas, que você vai querer sempre por perto! É tão bom ter pessoas insubstituíveis em nossa vida! A cada dia, mês, ano, podemos colecionar pessoas insubstituíveis... Não precisamos colocar uma no lugar de outra. Vamos somar! Os números são infinitos. Vamos fazer uma coleção de pessoas insubstituíveis em nossa vida. Vamos?
(Ana)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Minha senhora

Senhoras e senhores, apresento-lhes a minha senhora
Hoje 0lhei para a sua face
E vi sua boca de mel e os olhos de puro fel
Ela lhe convida a rir ou a chorar
Essa é a tragédia da vida
Ninguém sabe ao certo o que é amar
Em uma mão trago-lhe rosas
Na outra mão os estilhaços de pólvora
Essa é a tragédia da vida
Vejo rostos em pranto tanto canto que acalanto
E o que faço eu com o meu pranto?
Desfaço-me no meu canto
Esperando o tempo passar
Sinta o cheiro da boa nova no ar
Ela está de cara limpa
E agora lhe convida somente a amar
Mágicos do porvir e poetas do novo amanha
Do lamaçal e do lodo renasçam do novo
Façam dessa minha gente um novo povo
Da guerra a paz um novo despertar
Voa mas voa o seu vôo mais bonito
Que este vôo silencie o meu grito
E me faça serenar
As nuances da vida
O limiar entre o bem e o mal
Vezes por vezes o bem utiliza o mal
Aparando arestas que te impedem de voar
Essa é a tragédia da vida
As vezes lhe convida a rir ou a chorar
E ninguém sabe ao certo
O que é mesmo esse negocio de amar?!!
(Ricardo)

terça-feira, 14 de abril de 2009

O mundo é o meu umbigo

Cego segue em frente
Sem poesia sem repente
Atropela a vida
De repente esbarra com ela pela esquina
Convicto irredutível
Prisioneiro de uma realidade ilusória
Sem idas nem vindas
Apenas empurrando com a barriga
Implorando pelo pão da vida
Não vê flores pelo caminho
Apenas estrada de espinhos
Vidas secas sem matizes sem brilho
Sedento por cores, vida
Exércitos de mortos vivos
Em declínio astral fugindo de si mesmos
Para longe do seu quintal
O mundo é o seu umbigo
Não enxerga um palmo a frente do caminho
Se vende por uns trocados
O essencial é o que pode ser tocado
Nutrindo a escória social
O que importa é o fugaz
Na capa de um dia no jornal
È o ter sobre o ser
A vida se esvai em vida
Morrendo um pouco a cada dia
Troca o moinho pelo umbigo
Perdendo o ultimo fôlego o ultimo suspiro.
(Ricardo)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O quê dirá quem dirá...

Era dia de estágio numa escola do Estado. Estava adiando, adiando, mas não tinha jeito. Eu precisava de toda forma comparecer pra assistir algumas aulas de português.
Depois de tanto tempo sem vivenciar uma rotina de escola, experimentei a verdadeira força da expressão de ser um “peixe fora d´água”, pois era desta forma que me sentia.
A primeira sala que fiquei foi uma do 2º ano do Ensino Médio. Aquilo parecia uma festinha, tipo uma reunião de jovens ( ou qualquer coisa semelhante ), menos uma sala de aula. Os adolescentes sentados em rodinhas, conversavam com muita alegria, riam, se divertiam à beça. Alguns namoravam também e outros se divertiam com seus celulares cheios de som, fotos e tudo mais que você possa imaginar.
A professora tentou incessantemente explicar a matéria que abordava o tema “adjetivos” e falava alto pra caramba, com uma voz absurdamente aguda, mas o barulho que os alunos faziam era tanto que quase nada se podia ouvir. Enquanto os adjetivos rolavam na lousa, outros tantos rolavam no ar: palavrões, xingamentos e tudo mais que o valha...
Eu, lá no me cantinho, fiquei observando a sala de aula. Naquele momento nenhum aluno olhava pra professora, que por sua vez, dirigiu-se a mim pra dar sua aula. Eu, toda sem-graça, fiquei prestando atenção.
Diante daquela situação, fiquei triste. Os alunos riam tanto, mas eu fiquei triste. Trata-se de alunos semianalfabetos que não sabem escrever direito sequer seus nomes, alunos “copistas” que sabem apenas copiar palavras que estão na lousa.. Não sabem sequer o prazer de ler um livro, pesquisar um tema, o quê dirá interpretar um texto, metáforas, poesias...o quê dirá interpretar as linhas que a vida tece: as linhas do nosso destino!

(Ana Cláudia Faccin.)

terça-feira, 7 de abril de 2009

O teto do mundo
Chega assim de leve
Apossa-se do que é seu
Desvenda os mistérios do breu
Ilumina o teto do mundo
Do que é feito o azul do céu?
Senão de mim de você imersos no azul profundo
Da dor que tenho faço o meu altar
O amor o meu lema minha oração
Deito no colo da inquietação
Que me joga pro alto
No olho do furacão
Sinta também esta revolução
De cegos da carne
Que enxergam com outra visão
É só pra quem sabe amar
Que o medo que tenho
Não obscureça as retinas
Que me impeçam de enxergar
O que se avizinha
Amanheci em mim mesmo
Acordei de um sono profundo
Que as palavras proferidas ao vento
Nos façam enxergar além do mundo.
(Ricardo)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O Setimo Céu
Sei que foi por inspiração
Uma palavra ou uma oração
Em um instante tudo estava no lugar
Mais do que uma expressão
O verbo se fez na mais bela canção
Que todo dia a gente escuta e aprende a decifrar
Mais nada é igual
Onde o ontem é hoje
Que acrescentado a algo
Dará origem ou que vem adiante
Sob um céu de estrelas
Pra começar a colorir o meu quintal
Eu viajei milhas e milhas até chegar
Eu descobri a chave que abre a porta do céu
E foi com os olhos de uma criança
Que eu pude encontrar
Hoje o sol nasceu mais forte
Depois de plena escuridão
Vamos juntar a nossa verdade
Pra equalizarmos a nossa intenção
Chuva cai , cai a chuva
Lava a alma irriga a plantação
Mais pra que tentar
Conquistar esse mundo
Quando é possivel conquistar um coração
Sobre um grão de areia.
(Ricardo)

Sentinelas da publicidade

De todas as histórias a gente pouco sabe. Mas a gente sabe bastante sobre a vida do povo, da vida do brasileiro que trabalha e quase nunca vive; apenas labuta e sobrevive.
Qualquer tipo de trabalho é digno, desde lavar um chão, varrer uma rua, ou mexer o caldeirão... Mas, rimando ou não, ninguém está imune da rotina do trabalho.
O trabalho deveria ser algo assim, onde o cidadão faz o que de melhor sabe, o que põe mais amor, e receber por isso. Um bom exemplo é um médico, que pôde escolher sua profissão, estudar pra poder exercê-la e com isso trabalha por amor pela humanidade (assim deveria ser). Outro exemplo é o professor que também está lá por opção, também estudou pra exercer sua profissão (ou ao menos deveria), e lá está ele, ensinando outros seres a tornarem-se ao menos dignos de saber ler e escrever ( e assim deveria ser )...
E por aí vai, dentre tantas profissões que existem mundo afora: publicitários, administradores de empresas, analistas de sistemas, artesãos, músicos, compositores, psicólogos, etc e tal

De alguns anos pra cá, um novo tipo de trabalho vem me chamando a atenção. São as seguradoras de placas, ou sei lá que nome que poderíamos dar para este tipo de trabalho. Bom, deixando a nomenclatura de lado, vamos pensar neste grande e vasto mercado de trabalho. Em cada esquina, existe um novo empreendimento. São prédios, condomínios de casas e outras cositas... A cada novo empreendimento, em média umas 50 pessoas são contratadas para segurar uma placa indicando o local correto. O resultado está estampado em cada esquina, em cada farol, em cada canto da cidade. A média que ganham por dia é de R$ 10,00. Algumas empresas pagam R$ 15,00, outras dão lanche, condução, enfim.... Imagine-se seis ou sete horas de pé, debaixo de um sol de rachar coco, ou de um frio de congelar nariz, parado, apoiando-se apenas em uma placa.

Como já citei, acredito que qualquer tipo de trabalho é digno, mas este, sinto muito, eu não acho. É minha opinião. Admiro muito as pessoas que estão aí pro que der e vier, pra ganhar uma grana extra, sendo assim, acho digna a atitude de segurar placa para se virar na semana. Isso, sim! Mas acho ridículo e desumano oferecer um trabalho de “segurar placa”. Entendo que hoje em dia é proibido colar cartazes, entendo que contratar as “seguradoras de placas” deve dar um excelente resultado, mas imagino que a imagem da empresa cai ao se submeter a este tipo de propaganda. Que meus amigos me chamem de fajuta e até de falida por não saber explorar comercialmente as pessoas, e eu os chamarei de bregas, de sem criatividade e sem o sentimento humano no coração. Ninguém tem o sonho ou realmente nasceu para ser sentinela da publicidade.

(Ana.)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A inconstância do ser

Ter, ser ou estar.
A implacável inconstância do ser
Debato-me em mim mesmo
Mergulho em um mar desconhecido
Aprecio os incontáveis personagens que crio
O ser multifacetado.
Sentado na primeira fila
Posso observar o espetáculo da vida
A escolha dos melhores personagens
Quem entra em cena primeiro?
O lobo e sua ferocidade corriqueira?
Ou o príncipe e sua inolvidável conduta exemplar?
Ou ainda a ingenuidade e pureza desconcertante de uma criança?
Tento ao menos sobreviver,
Conviver de forma pacifica
Onde todos possam sair ilesos ou não
Seria talvez o suicídio diário?
Despedaço-me
Reorganizo-me
Olha! Ouviu isso??!
O espetáculo vai recomeçar
Abrem-se as cortinas
O show tem que continuar
Que assim seja.
(Ricardo - Invadindo território)


Dos sonhos, do amor e da vida.

Era ele, era ela. Era.
Dividiam sonhos, dúvidas, dívidas, teto, cama, escova de dente e o mesmo ar!
Dividiam eira, beira, risadas, tristezas, angústias e o mesmo chão!
Não esperavam o inesperado. Ao invés de entrega: intriga, briga.
Sorrisos íntimos: olhares cínicos. Amor: desamor.
Chupados pela rotina. Chutados pelo descaso.
Era ele. Era ela. Dividindo a divisão, dividindo o coração.

(Ana.)