segunda-feira, 13 de abril de 2009

O quê dirá quem dirá...

Era dia de estágio numa escola do Estado. Estava adiando, adiando, mas não tinha jeito. Eu precisava de toda forma comparecer pra assistir algumas aulas de português.
Depois de tanto tempo sem vivenciar uma rotina de escola, experimentei a verdadeira força da expressão de ser um “peixe fora d´água”, pois era desta forma que me sentia.
A primeira sala que fiquei foi uma do 2º ano do Ensino Médio. Aquilo parecia uma festinha, tipo uma reunião de jovens ( ou qualquer coisa semelhante ), menos uma sala de aula. Os adolescentes sentados em rodinhas, conversavam com muita alegria, riam, se divertiam à beça. Alguns namoravam também e outros se divertiam com seus celulares cheios de som, fotos e tudo mais que você possa imaginar.
A professora tentou incessantemente explicar a matéria que abordava o tema “adjetivos” e falava alto pra caramba, com uma voz absurdamente aguda, mas o barulho que os alunos faziam era tanto que quase nada se podia ouvir. Enquanto os adjetivos rolavam na lousa, outros tantos rolavam no ar: palavrões, xingamentos e tudo mais que o valha...
Eu, lá no me cantinho, fiquei observando a sala de aula. Naquele momento nenhum aluno olhava pra professora, que por sua vez, dirigiu-se a mim pra dar sua aula. Eu, toda sem-graça, fiquei prestando atenção.
Diante daquela situação, fiquei triste. Os alunos riam tanto, mas eu fiquei triste. Trata-se de alunos semianalfabetos que não sabem escrever direito sequer seus nomes, alunos “copistas” que sabem apenas copiar palavras que estão na lousa.. Não sabem sequer o prazer de ler um livro, pesquisar um tema, o quê dirá interpretar um texto, metáforas, poesias...o quê dirá interpretar as linhas que a vida tece: as linhas do nosso destino!

(Ana Cláudia Faccin.)

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