segunda-feira, 4 de maio de 2009

banheiro

Naquele dia ela saiu correndo. Contra o vento, as lágrimas ficavam pra trás. Contra todos sentia-se mais forte, mas não conseguia deixar pra trás as coisas que sentia. A única coisa que queria era se trancar em algum lugar onde poderia ficar sozinha, onde ninguém a incomodasse, perguntasse, indagasse...O banheiro – pensou ela. Um banheiro, quero um banheiro – E lá se trancou e ficou por três dezenas de minutos. Se tudo aquilo que esmagava seu coração pudesse criar vida, ela acabaria com todos num só soco, em uma só porrada. Ou seus sentimentos a devorariam de uma forma voraz, assim como um leão devora a sua presa. Olhou ao redor pra ver se encontrava alguma coisa, qualquer coisa que pudesse levar embora as coisas que sentia. A descarga! – lembrou ela. A descarga vai levar tudo embora,,, Olhou bem para aquela sua aliada, concentrou seus sonhos de menina, a idiotice de alguns deles, os doces desabafos tão ingênuos quanto sua atitude naquele dia. Com a descarga seus sentimentos foram embora. Livre de todo o peso que estavam sobre suas miúdas costas, a menina chorou aliviada. Agora posso ir embora. Antes de chegar a porta, olhou pro seu lado direito e se viu no espelho. Pra ele restou indiferença. Olhar pro espelho nem sempre é agradável porque você não enxerga quem você vê. Se olhar no espelho é encarar a si mesmo, é a única possibilidade de olhar no fundo dos seus olhos e ser sincero contigo. Portanto ela não podia mentir, nem fingir, tampouco interpretar. E aquele soco sem igual que tinha vontade de acabar com as criaturas deu-se no espelho esmiuçando sua curta história, seus grandes conflitos. (Ana Cláudia Faccin)

Um comentário:

  1. Hummmmmm adorei privada uma ótima ferramenta que leva o que você quiser embora, seria formidável se realmente pudesse levar nossos conflitos internos embora.

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